Não. Não uso o Tinder e tão pouco vou para as redes sociais à procura do tal. Acho, honestamente, que é difícil numa aplicação de self-service encontrarmos alguém capaz de estar a full time na nossa vida. E não é isso que todos procuramos? Dedicação, compromisso e entrega? Ainda que, como eu, possam acreditar que num relacionamento tem de existir o singular separado para se unirem como plural, não é possível negar que o nível de comprometimento da outra pessoa para connosco muda tudo. Ou acaba tudo. Ou nem sequer faz começar.
Terminei ontem de ler o livro Diz-lhe que não, de Helena Magalhães que, apesar de formada em Jornalismo, tem queda para estas coisas dos amores. Ou dos não-amores, poderemos assim dizer pois é o que aquelas páginas nos contam: histórias e aventuras de várias mulheres que, nas mãos dos homens errados, acreditam deixar de estar certas. Nem que seja por momentos. E o quão certa estava a Helena naquelas palavras. Na descrição das relações fast-food, na permanência da bagagem do nosso passado na vida atual. Mas é essa dúvida momentânea e, em muitos casos existencial, que as aplicações de self-service nos proporcionam. Para a direita ou para a esquerda, é fácil escolhermos o prato de hoje. E nenhuma de nós – ou deles – deve sentir, por momento algum, que é fácil escolher entre carne e peixe, entre gelatina ou fruta. Não, não é assim que as coisas funcionam direito. Ou pelo menos não devia ser. Não sou, nem nunca fui, contra o uso das redes sociais. Não concordo com os excessos mas compreende-os; não concordo com as dependências mas entendo-as; não aceito as ligações desconcertadas mas percebo-as. Acho que, desde que q.b., as redes sociais são uma parte positiva no nosso quotidiano. Já fui bem mais ligada ao mundo online do que sou agora. Mas, com as devidas experiências e o tempo, entendi que não é a permanência permanente online que nos liga mais às pessoas ou que faz com que não nos deixem. Não, aprendi que não é assim. E por nenhum de nós querer ser deixado – todos sabemos o quanto dói e não me apetece recordar isso a todos – acabamos por nos agarrar ao telemóvel para que a outra pessoa sinta que nós estamos constantemente lá. Mas ela não vai estar, não como nós queremos. Porque enquanto nos responde a nós, vai pegar no tabuleiro e continuar a viagem, ligando-se a uma outra infinidade de pessoas. E é esta possibilidade de mudança constante e passagem ao próximo companheiro que tem vindo a denegrir o amor. Não é que tenha deixado de acreditar no amor verdadeiro, porque acredito e muito. Apenas deixei de acreditar em tudo o que se finge sentir na Internet.
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